2018


Identidades

Não me pertenço mas moro aqui!
As memórias ondulam na corrente branda do rio
Em tempo fecundo encontram abrigo.

Pressentem o tempo, enfrentam o momento
Resistem à inconstância, ao frio de noites geladas
No vigor da primavera sucede o reencontro encantado.

Árvores frondosas, enraizadas e viçosas
Que só não tocam o céu porque não têm asas.

Sentem o aconchego, sentem-se em casa
Agora que o entenderam, só há uma escolha.

Permanecer, permanecer.

Espelho da alma

De um bonito roseiral observei o movimento
A ternura entre pássaros sobre um manto colorido com discretas gotas de água.
Sobre as roseiras, os pássaros em rodopio alinharam-se com mestria!
Na imensidão do céu, identifiquei um estrela brilhante
E um murmúrio ressoou de um lugar distante:
" Observa cada estrela com o olhar do coração e cria a tua própria constelação."
A partir desse instante foi sempre dia, só havia crianças e entoavam todas a mesma melodia!
Senti o tom, as pausas entre os sons.
Com a emoção da paixão consciente dancei espontaneamente.
Abracei o momento com intimidade e um sentimento novo tomou conta de mim...
Pedi ao tempo para aquele lugar ser tangível, de noite e de dia! 
Como no sonho, observei de perto o momento, a sua presença noutro tempo.
Se esta magia existe, ela é intemporal!

Amor-perfeito

Por caminhos desconhecidos, de mãos dadas e decididos
escolhemos passo a passo o ritmo, o tempo e o espaço.

Junto a campos e ribeiros, na companhia de pássaros
encontrámos um cão-guia disponível para um abraço.

Na brisa do entardecer, sem nostalgia, só alegria
deambulámos por palavras enternecidos com a companhia.

No encalço de montes onde o sol vai repousar
apreciámos a tranquilidade que adoptei sem hesitar!

Quão bela é a natureza! Nas minhas mãos sinto as tuas...
Elas abraçam os caminhos de uma viagem sem destino!

Pássaro de água

Um raio de sol desponta do azul e branco delicados
tem o brilho da imaginação e de sonhos adiados.

Na leveza do ar reflito, na fluidez do mar dissolvo
na areia firme confio estranhos ideais do mundo. 

Nas ondas do mar eles alcançam as asas do vento,
no calor das asas sucede o momento.

Do antigo me despeço, sem melancolia ou despeito
mas ainda sinto o abraço, quer na alma quer no peito.

Não dou pelo tempo passar nesta viagem do tempo
na memória e para sempre só desejo levar o vento.

Se cair do céu, espero uma grande tempestade
pedirei ao vento que me acolha com serenidade.

Se me perder, tudo farei para regressar ao mar  
e ondular a partir de outro lugar.

Não sei bem o que irei encontrar
Não sei se é possível regressar!

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